quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

ENTREGA

Insensata,
escrevo teu rosto na mente
e desfaço a fronteira
onde deixo de fazer sentido.
Desenho teu corpo a descobrir,
numa tela com as cores
de silêncio e devaneios.
Invento tua voz
e ouço as palavras com que me enganas.
Percebo as mãos com que adentras
fendas e angústias
e fantasio o sabor da tua boca
num desejo clandestino...

Me entrego ao talvez.
Faminta.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

SOMBRAS

Invento agora este vulto
que entrego em vãos,
traço caos,
fixo a dor,
escondo silêncios
e abismos incontroláveis,
longos atos, cálidos sons.
Irresoluta, divago
pensamentos perecíveis
em seres obliterados.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

IMPROVÁVEL

E tantas e todas
que moram em mim,
abrem silêncios
e deslizes,
fragmentam matizes
absorvem medos
e desejos

em rituais errantes.
Infusos.

Aliciantes.
Exatos.
E instigantes.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

PAUSE/CONTINUE

Abraços indecentes,
beijo na boca,
me entrego como queres -
fêmea louca, inteira,
além das muralhas,
ironias,
prazer e tortura
ofertados a quem?
sei o que queres,
sabes que queres a pele,
pernas, corpo além..
não!
Mulher que sou de cama, chão,
tesão e sussurros,
ardores, ardências e inconseqüências,
cio e umidade recrudescentes,
avanços e aceites,
mãos, boca e fantasias
vívidas, vividas e latentes...
Nunca escritas.
Irrefreáveis.
Irreveláveis...

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

CASO

E assim me entrego
atormentada
vertendo lava
fêmea no cio..
Corpo umedecido
oscilando
entre a minha
e a tua mão..

terça-feira, 20 de novembro de 2007

JOGO

Mostro o rosto meio borrado
um certo gosto de gim
fim de festa, alguma tara
nenhum dom, fúria incontida
paixão vulgar, rumor escasso
batom na coxa, dente no ventre
Resisto -
leviana como sempre.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

FOLHETINESCO

Próxima vida,
se vida houver e eu vier,
volto pedra, cão sem dono,
mascarada travestida,
algum fantasma, alma perdida,
meio espaço em descompasso,
calendário, pitanga, aragem,
mortalha, vento e voragem,
tango de gardel, literatura de cordel,
ampulheta, bracelete,
canivete, chocolate,
quadro de avisos, porta retrato,
estátua de cera, cetim barato,
figura adjacente,
diário adolescente,
qualquer coisa, coisa pouca,
geladeira, porra louca,
só não volto em outra vida
como gente,
dependente,
desse amor inconsistente.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

DELÍRIOS

Neste ato de quase amor
e leve desespero,
me entrego
ao teu corpo urgente

que me instiga e me machuca
enquanto fragmenta silêncios
e percorre frestas
rompe traços

traça gestos
trama fios
intermináveis
de desejo desmedido
eu - sem impossível.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

CLASSIFICADOS

interessante, educada, inteligente, simpática, independente, divertida, elegante, belos olhos, cabelos lisos, não discute a relação, detesta shopping, não come chocolate e não liga para sapatos,
PROCURA
divertido, culto, carinhoso, curioso, simpático, alto, sensível, prático, situação financeira que possibilite procurar a felicidade na Europa, beleza é opcional...

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

IMAGINAÇÕES

Imaginem ABELARDO BUENO e seu texto corrosivo junto à FERNANDA PASSOS, impressionantemente linda (e boa!!), ao ALEX SENS, impressionantemente bom (e lindo!!), à TEREZA AUGUSTA RAQUEL - há nome mais imponente?, à RO DRUHENS, minha musa de qualquer estação e, juro: quando eu crescer, quero ser como ela!
Pensam que basta? Não.
Querem humor? Irreverência? Acidez? Lá mesmo, consultem (MADAME) POMBA MARIA ("Joga-se búzios, tarô, entulho..) - ela é ótima!!!!
Hoje, ainda, junto à CAIO FERNANDO DE ABREU, que dispensa apresentações...
Melhor que isso, só se falássemos de um blog que eleva a voltagem do erotismo...
Então, venham..
Confiram:
CONTROVERSOS.
Passem lá..
Hoje..
Agora..
À Noite...
Eu? Hoje, inédita,
chego às 22h...

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

TEIAS

Teu ser
a tecer
tons e afins.

Meu ser
a querer
ter-te em mim...

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

CAMINHO


Busco um tempo...
reparto quartos,
abandono espelhos
adivinho caminhos,
perco sentidos
e olhares.
Lavro palavras,
alimento momentos
manifesto gestos,
exercito infinitos
e altares.
Elucido partidas
recorto portas
verto desertos
trespasso espaços
aos luares.
Grito silêncios
provoco bocas
enredo sedas

trilho o incerto
e crio lugares...
Em letras indecifráveis.


(Hoje, também no CONTROVERSOS . Leiam...)

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

SEDE

Me abro
e me deixo

e me entrego
e me esvaio,

enquanto teus dedos falam coisas
no meu corpo,

com urgência e desordem,
exaurindo em mim o gozo e a voz...
Incisiva-mente.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

PROPAGANDA

Nunca imaginei um texto meu num blog que eu admirava de longe, o ControVersos.
Confiram:
CONTROVERSOS
Agora sim vou ficar mais insuportável do que já sou, aguardem!
RO? Se todos os ditadores fossem como você, eu seria cabo eleitoral deles...
Obrigada!!!

terça-feira, 16 de outubro de 2007

AUSENTE

...e me perco nesta noite nacarada
onde deitei
corpo e sentidos
quase água, quase ar
desvarios e fluídos
num possível descaminho
vertente de nevoeiros...

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

HERMÉTICA

Passo pelo mundo como se não fosse,
busco sinais do que fui, se algum dia fui.
Ausente de mim, incapaz do encontro,
vejo nos olhos do espelho as ruínas
que me entranham e desbotam silêncios
vontades, extremos e delírios -
descompassos que enclausuro
nos sentimentos lacrados.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

VIDA...

Ainda
há vida
na vida
havida?
Ah...vida...

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

(UNI) VERSO

Desfio e uno o verso
em versos outros.
Conheço o anverso
pelo avesso...

domingo, 23 de setembro de 2007

MARINHA

Navego pelo corpo que me cobre
e me pressente
e traço histórias loucas
de vontade e mansidão.
Sigo pela noite,
entre atenta e entorpecida
envolta em vagas ondas
neste exato, vago mar..

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

SANDRA

Ela.
Pequena nuvem de ardores
que entre dores, amores e despudores,
arquiteta a vida
em cores...

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

CLANDESTINA

Aqui,
desconcertada e convexa,
entre fadas e alfaces,
camomila e algodão,
rio da contrária realidade
que,
erudita,
não subscrevo.
Perdi-me em mim.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

ENIGMA

...Assim vagueio
por teus olhos de absinto
que se fecham
enquanto em mim te deitas.
Decifra-me.
E me devora...

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

CORES

Desfaço minhas ranhuras e meus borrões
enquanto cristalizo o quase eu.
Me esvaio em tinta descorada,
imperfeita, impermanente.
Eu costumava ser aquela:
suave, sensível, passiva...
Pronta pro bote.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

VÃOS

Invento este amor
que te escrevo
em letras de ternura e traição
e te acolho na noite vazia
quase nua,
quase tua..

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

GIFTS


Quem me certificou foi a SANDRA.
Imerecido. Brinco de escrever, não mais que isso.
Mas vindo dela, todo carinho é doce..
Seguindo a "ordem alfabética", que evita ciúmes, adoro os blogs que a seguir indico:
CRONISTA: talento em ascensão;
FLÁVIO: sempre!
FRANCISCO: dos meus maiores incentivadores;
MENEAU: porque ele é "meu muso"!
ROY: de quem vocês ainda ouvirão falar muito!
Que tal se os certificados certificassem outros cinco???
Enjoy!!!

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

FATOS

Desenho teu rosto

no corpo onde sacio

esta fome aguda e agoniada ..

teu cheiro de cedro

instigando meu desejo

indecifrado.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

ASSIM

Trinco os dentes,
engulo o sal,
arranho a carne,
vomito a dor,
sorrio o grito,
sufoco o fim...
enquanto sangro.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

LASCÍVIA

Me entrego -
boca, língua e gestos -
enquanto liquefazes
a noite em mim.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

ESPECTROS

Vozes esmaecidas sussurram na varanda opaca,
dizendo dos quintais onde me perdi antigamente...
Lembranças de tias e de dores,
lumeeiros, catacumba, assombração...

Ter vivido aqueles dias mornos -
limonada na janela, vislumbres,
ventanias e ciprestes -
me reduzem ao que sou:
errante e vã, perdida em tempo estranho.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

ELA

uma mulher densa, quase tensa.
uma mulher quase.
quase doce,

quase isenta,
quase ela.
possuidora de agudezas precipitadas,
mais do que comportam seus parcos metro e pouco.
culta, calma e calada,

quando não provocada.
capaz de fúrias insensatas e perdões absolutos.
uma observadora distraída,
do seu tempo, atemporal.
qualquer idade lhe cabe.
solitária. voraz. preguiçosa.
sem grandes pudores, ou grandes penas.

nem grandes temas.
uma mulher quase
quase linda,
quase tímida.
quase terna.

tonta.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

DE MEU

tenho alguns livros e um cachorro antigo
faço pães e desfaço letras
bordo laços,
teço tramas,
tramo enganos.

tenho alguns quadros e um caderno fino
cultivo angústias ao entardecer,
guardo acasos, pesadelos
e uns poucos sonhos
que não me deixam dormir...

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

PARA QUE LEIAS

Calo minha boca
no teu corpo
enquanto pulsas.
Febre e voragem
sons e vertigem.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

PARA QUE CONSTE

Quero uma vida falsa.
dores sem cores, estertores,
palavras confusas, lampejos,
arranhões, desilusões,
perigos, tempestades,
angústias sombrias, crueldades,
opressão. vinho e veneno,
aspereza, ambigüidade,
remorsos silentes, insônias,
estratagemas, assombros
constrangimentos,
faca, sangue, sentimento.
Quero uma vida inaudita,
eu, a que já não sou.

terça-feira, 31 de julho de 2007

Abro espaço para a dor..
um passo. um pouco. um pouso.
A clara visão do abismo..
rastro banal do que chamam vida.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

QUERERES

Sigo tua letra em minha carne
riscando lentamente
histórias de desejo e desespero
abandono e sedução..

quinta-feira, 19 de julho de 2007

NOITE

Velhos rituais de desencanto
vigiam esta noite nostálgica.
Opacas silhuetas.
Lua dormente.
Negras estrelas.

Brusca solidão.

terça-feira, 17 de julho de 2007

VIDA

Do que sinto mais falta?
De tudo que não vi.
Não vivi.
Não senti.
Nem conheci...

domingo, 8 de julho de 2007

NEVE

Penso em nossos corpos
nesta noite branca,
conjugando desejo e desatino.
Silêncio e solidão

segunda-feira, 2 de julho de 2007

MAIS

Bocas insanas.
Corpos febris.
Tarde infatigável.
Noite inacabada...

segunda-feira, 25 de junho de 2007

PERFIL

a
b
a
j
u
r.
absinto. água-marinha. bichos.berilo. bocas. cair da noite. calma incoerente. citrinos. choro aos gritos. demências. descompassos. distância. dormências. edredom. espelho. falo. fim dos dias. gelo. glosa. grenadine. homem. ilações. infinitos. jardins. laços. lagos. livros. luares cansados. lugares. medo. menta. montanhas. nácar. nadir. neblina. olhares. partidas. pedras. perfumes solenes. piano. sangue. sax. sedução. sexo. solidão. talismã. tulipas. utopias manchadas. vazios. vento. verdes.
z
ê
n
i
t
e.

terça-feira, 19 de junho de 2007

FIM

Vai.
Acha mesmo que faz falta esse pouco tesão
respingado em dia marcado?
Que se chora o diálogo quebrado,
de palavras arrancadas a grito?
Que dói o não pertencer,
o não ter,
nem querer?
Vai.
O que tá fora tá gasto.
Pronto.
Leva embora esse ranço de dias sobrevividos,
à falta de melhor que fazer,
dias cheirando a trivial,
gosto de horas mortas,
esperanças sem esperança...
Vai.
E leva o efêmero que foi esse estar contigo,
estando só.
Sem alma.
Mas viva.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

SIM

Claro,
eu deixo.
Pode entrar.
Na minha vida
também...

segunda-feira, 11 de junho de 2007

TRÊS POR QUATRO

Se houver interesse, me encaminho.
após novas revelações...
ressalvando -
sou péssima em fotos
(e em outros setores...)
Na tentativa de parecer natural, fico falsa.
Na tentativa de parecer falsa, fico falsa.

ENTREGA

é assim...

minha boca te buscando

calor , frio, privação, doação

te levar para longe do senso, do sentido

fome escolhida

desejo desesperado

enquanto você cresce e se avoluma e se despeja...

sensações que me fazem querer sugar mais..

da tua alma

ESCAPE

Não suporto o dom que você tem de encobrir,
de saber não dizer,
de fingir que não sabe.
Essa coisa de sombras, esgueirar-se.
Ardiloso.
Esse querer me fazer engolir
Tua ausência.

terça-feira, 5 de junho de 2007

SOM

Gosto quando te calas
entre minhas coxas,
provocando silêncios
de se ouvir demais...

quarta-feira, 30 de maio de 2007

SENTIR

Me abro
para que apares
o sabor do sal.
Ato entreatos

ESCOLHA

Claro que a terra vai comer
ou o fogo vai queimar.
Mas você não.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

FALSA

Tua língua quente chicoteia
e profana o sagrado
no meu corpo,
arrancando o gozo
do animal sedento
que eu não me sabia.
Mas queria.

ACESSO NEGADO

nunca mais tua letra
no meu corpo.
esqueci a senha.



segunda-feira, 21 de maio de 2007

MARINHA

me afogo em maré e silêncio
noite alta
melancólica-mente.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

VAGANTE

os sonhos
(in) possíveis
não me deixam adormecer.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

LUNAÇÃO

apaguei minha lua
nova.
estou cheia.

ELE

sou desse homem.
desse homem que me come pontualmente
nos dias em que me permito esquecer a mesmice
do sexo manso e monótono e abro as pernas
para a rapidez do ato eleemcimaeudequatroacabou.
para o sexo que ele sabe não bastar,

desde o dia em que esqueci de gemer.
sou desse homem que me mantém na suave petulância da classe média, super às terças, pizza no sábado, fantástico domingo...
desse homem que desconhece as tardes mornas em mãos estranhas nas minhas entranhas,

nos meus labirintos de se perder de medo.
desse homem que só vê o rosto que lhe mostro,
o corpo que lhe empresto no cotidiano insosso e áspero.
o corpo forqueado que sente tanto e tantos,
que interroga e duvida e declara e pede e exclama -

mas não.
desse homem, senhor dos meus hábitos – mesmo olhar
mesma roupagem – carro novo, flor em datas
eu sorrindo, alma falsa.
mas sou desse homem.
tão e tanto.

domingo, 13 de maio de 2007

FALSO

eu desatino e destruo

e te minto que não gozo

finjo que finjo - você em mim

noite desinventada

SECRETAR

O que te mantém teso e tudo

é o que libero no corpo escancarado

ancas atracadas, gozo vadio

eu. falo.

sábado, 12 de maio de 2007

ABERTURA...

Tua mão em busca,
devassa meu lado ínvio
enquanto me derramo
gozo e lágrimas

segunda-feira, 7 de maio de 2007

INTERIORES..

não há como explicar que não existam sentimentos dentro de mim.
só a infindável pena pelas minhas penas.
espero que de alguma forma, algum dia, a noite amanheça...

INTERIORES..2

Deitei com o sonho.
Acordei prenha de realidade.
Pari a dor.

sábado, 28 de abril de 2007

TIRO CERTO

(Meu alvo,
mau alvo,
só encontra direção
na solidão...)