segunda-feira, 14 de maio de 2007

ELE

sou desse homem.
desse homem que me come pontualmente
nos dias em que me permito esquecer a mesmice
do sexo manso e monótono e abro as pernas
para a rapidez do ato eleemcimaeudequatroacabou.
para o sexo que ele sabe não bastar,

desde o dia em que esqueci de gemer.
sou desse homem que me mantém na suave petulância da classe média, super às terças, pizza no sábado, fantástico domingo...
desse homem que desconhece as tardes mornas em mãos estranhas nas minhas entranhas,

nos meus labirintos de se perder de medo.
desse homem que só vê o rosto que lhe mostro,
o corpo que lhe empresto no cotidiano insosso e áspero.
o corpo forqueado que sente tanto e tantos,
que interroga e duvida e declara e pede e exclama -

mas não.
desse homem, senhor dos meus hábitos – mesmo olhar
mesma roupagem – carro novo, flor em datas
eu sorrindo, alma falsa.
mas sou desse homem.
tão e tanto.

6 comentários:

Jeanne Araujo disse...

Acantha, seu texto é lindo, cheio de te(n)são. Desfiado maravilhosamnte, dito e desdito do amor de nossos homens e dos nossos. Lindo.lindo, parabéns.

AB disse...

Você é excepcionalmente gentil e generosa, JEANNE...
Muito obrigada!

o refúgio disse...

Menina, isso é que é produtividade! Faço minhas as palavras da Jeanne. Maravilha!
Beijos.

Branco Leone disse...

Bom, muito bom mesmo!

AB disse...

Vindo de você, BRANCO, considero um "10 com louvor!". Muito obrigada. Mas como me encontrou aqui????

Branco Leone disse...

Bom que você entende esse jeito de comentar, porque isso é dez com louvor mesmo.
Como encontrei você aqui? Ora, eu encontro todo mundo que me linca.